terça-feira, maio 01, 2007

desaparecendo (n)as canções I


Aquela noite tão breve
(de brevidade total)
com persistência persiste
de forma muito mais triste
que uma alegria mortal.

Foi tão rápida, tão fugaz,
que não entendo a razão
deste abismo tão mordaz,
deste negro tão lilás,
que tem a cor da paixão.

Agora resta saudade
(estou como uma ovelha sem lã)
por causa da brevidade
da noite (que contra-vontade)
terminou ás dez da manhã.

Mas mais do que este vazio
há em mim a teimosia
que esse Verão que foi frio
esse naufrágio no rio
foi a minha maior alegria.

Por isso repito dizendo:
num relógio o que destoa
são os ponteiros em andamento!
E há algo em mim ciumento
não da noite, da aurora.

Foi a mais imperfeita Lua,
o mais imperfeito Sol,
mas nessa noite qualquer rua
era só minha, só tua
debaixo do teu lençol.

1 comentário:

Anónimo disse...

Rui, porque não cantá-la no próximo Bang Bang?
;)