sexta-feira, agosto 31, 2007

Agradecido

Não se fazem de comentários "posts". Ou melhor, não se fazia. Porque este comentário do Zé Manel melhora muito mais o blogue que o que este merece não o deveria, também por isso, torná-lo post (quem quiser vê-lo pois que o procurasse). Mas, mesmo sabendo tudo isto e sabendo ainda que este comentário (agora "post") é (não sendo apenas) uma resposta ao comentário da minha querida Nieves (ver comentários ao "post" com o título "Para Mafalda"); vou colocá-lo aqui.

E Zé Manel, todos sabemos do teu brilhantismo em Filosofia (em particular na Estética e na crítica e análise a qualquer expressão artística; seja Cinema, Pintura, etc...); (aliás eu sei-o bem pois fui teu aluno e agora tenho a sorte de seres meu amigo), sabemos isso e o quanto difícil para nós é, por vezes, seguir todas as tuas referências; sabemos ainda, porque o vivemos já algumas vezes, o prazer que nos dás quando te sentas e tocas ao piano MAS CARAMBA, de uma vez por todas ouve-me: faz o que considero vital e não nos prives do que mais vital depois ainda consideraríamos: a Literatura. Podes dela gostar menos mas, "me da igual", egoisticamente sei que seria fantástico também aí "ouvir-te", lendo-te.
Além disto, é ela (a Literatura) que está enferma.
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Fiquem com o texto:



José Manuel Martins disse...

Como Homero e Odisseus dedicaram o deles a Penélope, essa tecedeira de Ítaca que dia e noite escrevia na tela o guião implausível para o herói e para o seu poeta, desfiando-lhes os mares, os anos, as ilhas, as palavras. Toda a Odisseia consiste na peculiar forma de desaparecer que é a dessa ausente; nessa forma insuprimível (que funda todo um estilo)de Penélope desaparecer, que faz com que tudo o mais imparavelmente apareça - até que também ela própria por fim. A sua ausência é a força da remada, a bruma da manhã seguinte, a agonia sirénica, o seu perfil depois de vinte anos - é o segredo das formas aparecidas. Que ainda o seu mesmo aparecer persiste uma forma de desaparecer: pois ela, tal como alêtheia, é o feminino do aparecer. Longe de desaparecer, ela é o seu exacto contrário (assim como o feminino depara o masculino na tabela pitagórica): languesce, por essência e sem opção, n' "uma forma" ( ah, perdurante entre todas!...) de desaparecer; e o blogue, seu homónimo, já o sabia no que toca à metafísica refinada da presença evanescente e à sensação de adeus sem fim nutrida existencialmente pelo exercício subtil de uma fé apofática. Já o sabia no seu animus mental, imune aos supostos paradoxos e aos trocadilhos de perplexidade emitidos sobre a precariedade e pessimismo de um blogue que erradamente se suspeita "desistente". Só agora o sabe no seu arquétipo feminino, na sua significação segundo a anima: se há uma formadedesaparecer que é a do animus, a anima É umaformadedesaparecer.Daí a tendência hierogâmica.Umaformadedesaparecer só podia dedicar-se a uma forma de desaparecer que é a sua forma paradigmática. Ninguém têma por desaparecimentos ou desaparecidas.

domingo, agosto 26, 2007

desaparecendo em certos vídeos IV

Especialmente para o Álvaro, para que não diga que isto está depressivo.
Aquele abraço

quarta-feira, agosto 15, 2007

desaparecendo (n)as canções IV


Uma brincadeira, por causa de Joaquín Sabina.
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Eu queria escrever à bebida que aqueceu o meu Inverno,

Ao pecado de Deus, ao ladrão, ao hotel, à maçã sem inferno;

A esta voz que é minha e não canta mas experimenta outra sorte,

À coragem de sair à rua para “boxear” a morte.


Aos tangos que sobrevivem, a um fado que morre de pena,

Ao Caín que esqueceu Abel por causa de Helena,

À flor arrancada do jardim num gesto infecundo,

A todos os que se esquecem de mim neste poço sem fundo.


Minha Afrodite, minha Musa, minha Eva

(as princesas não existem)

Meus amigos, meus matraquilhos, o “tal” lance livre,

Minha utopia, meu sonho proibido de viver só de amar-te,

Eu queria escrever ao café onde sem querer comecei a escutar-te.


Meu bloco de notas, minha chave da Lua, teu adeus, meu regresso,

Minha assassina que recarrega o revólver com um só beijo,

Não sabia que um tiro desses era tão profundo,

Nunca escreverei a canção mais bonita do mundo.


Eu queria escrever à cigana que já não lê as sinas,

Ás noites perdidas de tanto andar…pelas tuas esquinas,

Aos loucos dos bares, aos insanos filhos dos Quijotes

Ao monte das oliveiras onde beijam os Iscariotes,


A Chico Buarque, Dagermaan, Kafka, à face envergonhada,

À lágrima do Fevereiro que chorei quando me foi roubada,

Ao meu disco não feito que quebraste na minha cara,

Às boleias que quero apanhar…quando ninguém pára.


Livrei-me dos felizes tristes que seguem a moda,

Aprendendo nas aulas à noite dos whiskys sem soda,

Com um bilhete achado fiz um “tour” percorrendo uma boca,

Que farias tu se “Magdalena” se fosse como Joana “a louca” ?


Diante da Diana de Évora queimei as minhas bandeiras,

Se me perdes de vista então encontrar-me…não queiras,

Herdei um pacto de cavalheiros que não foi cumprido,

Naufragou o meu coração por um mar que já foi esquecido


(Eu queria fazer antes de Sabina)

a canção do bonito final, do pirata sem perna,

contra todos os sérios que me rodeiam na vida moderna,

a do álcool que alegra a alma do vagabundo,

a do verso brilhante que salva o poema moribundo

…e só pude escrever a canção mais falhada do mundo.

segunda-feira, agosto 13, 2007

Para Mafalda

Normalmente as coisas têm dedicatória.
Os blogues também deveriam ter.
O meu a partir de agora tem.

Para Mafalda.


(apenas retórica, pois na verdade apenas queria dedicar qualquer coisa a ela e não sabia o quê. Lá se foi a retórica)

domingo, agosto 12, 2007

desparecendo em certos vídeos III

Inevitavelmente, porque dramatiza, é irónico, é demagógico (mas no fundo um caótico e sentimental) Tonino. E,claro, porque (me) diverte.


domingo, agosto 05, 2007

Interrompo

Interrompo este silêncio aqui, silêncio este que vai durar mais uma semana, apenas para perguntar em voz escrita: deverá uma pessoa em Agosto ir a Portalegre?
(há dúvidas que realmente me atormentam)