Não se fazem de comentários "posts". Ou melhor, não se fazia. Porque este comentário do Zé Manel melhora muito mais o blogue que o que este merece não o deveria, também por isso, torná-lo post (quem quiser vê-lo pois que o procurasse). Mas, mesmo sabendo tudo isto e sabendo ainda que este comentário (agora "post") é (não sendo apenas) uma resposta ao comentário da minha querida Nieves (ver comentários ao "post" com o título "Para Mafalda"); vou colocá-lo aqui.
E Zé Manel, todos sabemos do teu brilhantismo em Filosofia (em particular na Estética e na crítica e análise a qualquer expressão artística; seja Cinema, Pintura, etc...); (aliás eu sei-o bem pois fui teu aluno e agora tenho a sorte de seres meu amigo), sabemos isso e o quanto difícil para nós é, por vezes, seguir todas as tuas referências; sabemos ainda, porque o vivemos já algumas vezes, o prazer que nos dás quando te sentas e tocas ao piano MAS CARAMBA, de uma vez por todas ouve-me: faz o que considero vital e não nos prives do que mais vital depois ainda consideraríamos: a Literatura. Podes dela gostar menos mas, "me da igual", egoisticamente sei que seria fantástico também aí "ouvir-te", lendo-te.
Além disto, é ela (a Literatura) que está enferma.
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Fiquem com o texto:
José Manuel Martins disse...
Como Homero e Odisseus dedicaram o deles a Penélope, essa tecedeira de Ítaca que dia e noite escrevia na tela o guião implausível para o herói e para o seu poeta, desfiando-lhes os mares, os anos, as ilhas, as palavras. Toda a Odisseia consiste na peculiar forma de desaparecer que é a dessa ausente; nessa forma insuprimível (que funda todo um estilo)de Penélope desaparecer, que faz com que tudo o mais imparavelmente apareça - até que também ela própria por fim. A sua ausência é a força da remada, a bruma da manhã seguinte, a agonia sirénica, o seu perfil depois de vinte anos - é o segredo das formas aparecidas. Que ainda o seu mesmo aparecer persiste uma forma de desaparecer: pois ela, tal como alêtheia, é o feminino do aparecer. Longe de desaparecer, ela é o seu exacto contrário (assim como o feminino depara o masculino na tabela pitagórica): languesce, por essência e sem opção, n' "uma forma" ( ah, perdurante entre todas!...) de desaparecer; e o blogue, seu homónimo, já o sabia no que toca à metafísica refinada da presença evanescente e à sensação de adeus sem fim nutrida existencialmente pelo exercício subtil de uma fé apofática. Já o sabia no seu animus mental, imune aos supostos paradoxos e aos trocadilhos de perplexidade emitidos sobre a precariedade e pessimismo de um blogue que erradamente se suspeita "desistente". Só agora o sabe no seu arquétipo feminino, na sua significação segundo a anima: se há uma formadedesaparecer que é a do animus, a anima É umaformadedesaparecer.Daí a tendência hierogâmica.Umaformadedesaparecer só podia dedicar-se a uma forma de desaparecer que é a sua forma paradigmática. Ninguém têma por desaparecimentos ou desaparecidas.
sexta-feira, agosto 31, 2007
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1 comentário:
como dizia o outro:"com amigos desses também eu"
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