terça-feira, dezembro 29, 2009

A Lara deu-me isto a conhecer

Eu que tenho muito orgulho nas minhas brasileiradas não conhecia isto. Imperdoável.
Obrigado Lara.

domingo, dezembro 13, 2009

Dizem que morreu a ver o mar

Dizem que morreu a ver o mar. Devido a isso consideraram-no estranho. Dizem que não se pode morrer a ver o mar. Ele sim. Ele podia. Ele morria em qualquer lado.
A falta de apego que tinha pela morte e a indiferença para com aquilo que se pode denominar como “ambiente propício” deviam ser as causas para o facto de em qualquer lado ele morrer.
Ao contrário de muitas pessoas para as quais as velas numa mesa de jantar colocada numa varanda com a Lua no céu são o “ambiente propício” para uma declaração de amor, ele nunca se conseguiu emocionar com alguma coisa que não fosse resultado do Acaso; sinónimo de Milagre, obviamente.
As causas sem causa, dizia, essas sim são as nêsperas do mundo – uma expressão que ninguém entendia muito bem.
Dizem que morreu a ver o mar. Dizem que não se pode morrer a ver o mar. Pode morrer-se no mar. Afogado. Em luta. Ou morrer nú no mar. Afogado. Em luta. Inclusive um faroleiro, cujos olhos buscam mais os barcos que o mar, mesmo um faroleiro – esse náufrago dos náufragos – caso tenha, repentinamente, enquanto vigia mais os barcos que as marés, uma trombose, inevitavelmente, dizem, baixará a cabeça, o olhar. Morrerá, caso morra, de olhos no chão porque, dizem, não se pode morrer a ver o mar.
Ele, no entanto, assim dizem que morreu. Mas ele morria em qualquer lado.
Estava encostado à muralha, palma da mão direita no queixo, rodeado de gaivotas, olhando o mar. Não vigiava a maré nem, ao contrário de meia dúzia de surfistas que estavam na areia, contava as ondas esperando a sétima. Não se distraía com o som que a água fazia ao bater na areia, nem reparou nas distintas cores da água devido às várias tonalidades que a luminosidade do ar provocava. Não deu conta de remoinhos, nem do vento ou de algas ou de peixes. Nem de sereias. Era indiferente ao “ambiente propício”. Olhava e via o mar, não as suas características ou propriedades. As causas sem causa, dizia, essas sim são as nêsperas do mundo.
Devo confessar que não sei se é verdade que ele tenha morrido a ver o mar. É estranho que tal tenha acontecido de facto, mas acredito que sim pois ele morria em qualquer lado. O que sim sei com absoluta certeza e que posso garantir é que foi a primeira vez que ele viu o mar. Era serrano, do interior, e, ironicamente, não queria morrer sem ver o mar – desejo esse que felizmente se cumpriu. Pior é o preço do desejo não cumprido.
De qualquer forma nem sequer podemos dizer que houve uma causa directa entre o mar, ele, o olhar e ver o mar e a sua morte. Apenas podemos relatar o facto de que assim dizem que aconteceu. Calcular a causa seria especulação e as nêsperas do mundo, ao contrário da especulação, são reais.
Depois de morrer a ver o mar voltou para casa, para a serra, para o interior. Foi no dia seguinte a ter morrido a ver o mar que o ouviram dizer que estava contente por, finalmente, já ter visto o mar.
Ninguém estranhou, naturalmente, que depois de ter morrido a ver o mar ele não se tivesse mantido morto. Todos sabiam que tinha pouco apego pela morte. Talvez por isso, talvez pela indiferença que tinha pelo “ambiente propício” e talvez porque o coração dele tinha uma parede tão fina que até uma lágrima a cair no rosto de um desconhecido podia partir, talvez por isso, dizia, ele morria em qualquer lado.

quarta-feira, dezembro 09, 2009

Apenas no Alentejo

Apenas no Alentejo (entre os vários locais que conheço) se terminam muitas noites com cantigas.

domingo, dezembro 06, 2009

Acerca de escrever uma canção, ou talvez não

Um dos melhores escritores de canções é, sem dúvida, Chico Buarque.
Para todos os que me acham machista nas piadas vejam esta do Chico. É terrível e sarcástica mas representa o que os homens (sensíveis) dizem MENTINDO para ....enfim....

Se de mim sabem que eu sou um idiota...do Buarque (todo ele compreensão para com as mulheres e tal e tal) pode, para as mulheres ser uma surpresa.

Para mim não o é, pois quem conta piadas desta forma (e com o sentido de PIADA, e que se conta entre homens ou a mulheres de quem se gosta), ela representa apenas o tanto que ...enfim....não é possível explicar


Siga a história:

Enquanto estava a escrever a letra da canção "Ode aos ratos" Chico Buarque telefonou ao amigo e zoólogo Paulo Vanzolini a perguntar coisas específicas, pois queria ser o mais preciso possível na canção. Coisas do tipo "o nariz, como é?", "é frio?", "é quente?", "macio?", "duro?", "e a pelagem?". Vanzolini, matreiro, responde: "Ô Chico, você mente tanto sobre mulher...porque não inventa qualquer coisa sobre ratos?" Chico Buarque não se atrapalha e contesta: "Pô Vanzolini...pelos ratos eu tenho o maior respeito".

terça-feira, dezembro 01, 2009

Voltando aos Vídeos

O vídeo é excelente (principalmente o final)...a música é lamechas um pouco mas lindaaaa de morrer (ou então estou doido....hmmm...ou ambas as coisas)

Não era a música que queria (essa era a Alucinação mas o único vídeo disponível era horrível) e este blogue sem Belchior não poderia ser uma espécie de blogue sequer (esta frase é pura retórica por isso tinha de a dizer)

Na verdade meus amigos sabem que muitas vezes eu referia a frase "No Corcovado quem abre os braços sou eu"...aqui está ela neste poema-canção do fantástico Belchior. Além do mais, muitos me acusam das minhas "brasileiradas" e creio que ainda não havia nenhuma no meu blogue, mas vai começar a "vingança" e em um mês aí virão elas a sério

Senhoras e senhores, convosco....BELCHIOR