sexta-feira, abril 27, 2007

desaparecendo (n)os sonetos I


O pior do amor quando termina
é o esperar a esperança que passou
é o livro, o C.D., a letra, a linha
é ver só a merda a que nunca se olhou.
O pior da paixão quando se perde
é o riso que já não sabe rir
é o gesto que todo o mundo impede
é não querer ficar...não querendo ir.
É a toalha que já só tem um suor
é a cara seca das lágrimas de dor
é o coração que não sabe já bater.
O pior da entrega quando acaba
é a mesa que só tem uma faca
é continuar vivo, é não morrer!

MAS

o melhor do amor quando começa
é o sonho que se sonha quando acordado,
é para nada do que existe ter pressa
é imaginar o que não é imaginado.
É olhar sem ver o que se olha
é mastigar sem comer o que se come
é levantar cedo e perder a hora
é esquecer das coisas o seu nome.
É estar preenchido mais do que é possível
é ter mais prazer do que existe de aprazível
é o coração que não sabe já bater.
O melhor da paixão quando dispara
é não ter medo de nenhuma bala
é continuar vivo, é não morrer!

2 comentários:

Anónimo disse...

"...é não ter medo de nenhuma bala"

(alguns de nós somos cobardes, até que o amor nos recolhe do limbo..)

Rui Cancela disse...

:)