
Sabem aquilo do primeiro encontro em que temos de dizer e ouvir e fazer uma data de parvoíces para que o encontro seja o mais perfeito possível??
Pois comigo não se passou nada disso.
Foi mesmo (quase) perfeito.
Naquela noite não choveu,
nem eu te tentei impressionar
contando-te falsas aventuras,
nem disseste "desculpa por chegar tarde".
Não te paguei a bebida,
nem tu passaste a porta primeiro,
não trocámos olhares cúmplices,
não me senti prisioneiro.
Não falámos da fome em África,
nem de animais, nem de Ecologia,
nem me aborreceste com perguntas,
nem tive de dizer o que não queria.
Não contámos anedotas,
não cantámos estúpidas canções,
não nos irritámos com os outros,
não fechámos opções.
Nem falámos do passado
tentando reconciliar nossas almas,
nem tive de ser psicólogo,
nem resolvemos nossos traumas.
Naquela noite não passeámos pela cidade
nem num portal nos surpreendeu a Lua,
nem me acendeste o cigarro,
nem me disseste "eu sou tua".
Nem eu te disse "eu sou teu",
nem prometemos alegrias,
nem discutimos sobre Signos
tentando prever os dias.
Naquela noite não te toquei no ombro,
nem nas tuas costas o meu dedo desenhou um coração,
nem me convidaste para a tua casa,
nem me despiste o blusão.
Nem terminámos os dois na cama,
que é onde terminam estas coisas,
ardendo juntos na fogueira
de suor e paixão e saliva, (espinhos com rosas).
Por isso não andes lamentando
o que podia ter acontecido e não aconteceu;
naquela noite em que tu faltaste
também não fui ao encontro eu!
2 comentários:
Bonito texto de extrañas coincidencias, donde existe un espacio literario en el que coinciden y quedan las personas, sus imégenes imaginarias, por contra del espacio real. Me gusta.
O ideal é não haver primeiro encontro. Encontros apenas.
E já agora, com tudo aquilo que não aconteceu no teu (quase) perfeito - com relevo para os passeios e a fome em África..
:D
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